Guerra Israel-Gaza

COMO CONVERSAR COM SEU FILHOSOBRE A GUERRA ISRAEL-GAZA

Baseado no texto de David Schonfeld, MD, FAAP, membro do Comitê Executivo do Conselho sobre Crianças e Desastres da Academia Americana de Pediatria e membro da Seção de Pediatria do Desenvolvimento e do Comportamento. Ele também atua como Diretor do Centro Nacional para Crise e Luto Escolar no Hospital Infantil de Los Angeles e Professor de Pediatria Clínica, Keck School of Medicine da USC.

Traduzido e adaptado pelo Instituto Primordial.

A guerra Israel-Gaza é angustiante e as crianças e adolescentes podem ter dúvidas sobre o porquê da violência e o que mais acontecerá no futuro. David Schonfeld oferece diretrizes para ajudar os pais e cuidadores a apoiar as crianças de maneira construtiva e útil.

PERGUNTE AO SEU FILHO O QUE ELE JÁ OUVIU
As crianças já podem ter adquirido informações sobre a guerra por meio da TV, redes sociais, escola, amigos ou conversas de adultos. Por isso, inicie a conversa com seu filho questionando o que ele já sabe sobre a situação, assegurando que a informação seja precisa e não baseada em rumores. Esse passo ajuda as crianças a entender o contexto e a corrigir equívocos.

RESPONDA COM SEGURANÇA HONESTIDADE E NÃO DESCARTE OS MEDOS
Assim como os adultos, as crianças podem ter suas próprias perguntas e preocupações em relação à crise. Após seu filho compartilhar suas preocupações com você, é fundamental que os pais forneçam explicações honestas, corrigindo informações incorretas, mas sem minimizar seus medos. O foco deve ser ajudar seu filho a identificar maneiras de lidar com a ansiedade, a tristeza e os medos, ao invés de fingir que esses sentimentos não existem ou que não deveriam existir.

EVITE A EXPOSIÇÃO A IMAGENS GRÁFICAS E COBERTURA REPETITIVA DA MÍDIA
David Schonfeld recomenda que é útil que as crianças saibam o suficiente para sentir que entendem o que aconteceu, mas alerta sobre os efeitos negativos da exposição a imagens gráficas, grande volume de informações ou cobertura incessante da mídia social. Isso pode ser perturbador, especialmente para crianças que tenham vivenciado a morte de alguém próximo, mesmo que não esteja diretamente relacionada à violência. Portanto, é aconselhável limitar a exposição a imagens perturbadoras e evitar a cobertura repetitiva da mídia, pois isso pode prejudicar o entendimento e o processamento dos sentimentos. Este é um momento importante para passar tempo longe da mídia, desligando a televisão, computadores e telefones, e buscar apoio na família e na comunidade.

RECONHEÇA QUE ALGUMAS CRIANÇAS PODEM ESTAR EM MAIOR RISCO DE SOFRIMENTO
Crianças podem ser mais impactadas pela situação se tiverem conexões diretas com familiares ou amigos afetados. Além disso, aquelas com fortes ligações devido a afiliações religiosas compartilhadas podem sentir-se igualmente afetadas. Situações como altas taxas de violência, preocupações com a segurança física, discriminação racial ou étnica, experiências prévias de pobreza e insegurança alimentar também podem aumentar o risco de reações perturbadoras. Outros desafios podem surgir para crianças que já passaram por guerras ou traumas semelhantes, bem como para aquelas cujas famílias vivenciaram o estatuto de refugiado. Além disso, crianças que já enfrentavam problemas de ansiedade ou depressão antes da guerra podem necessitar de suporte adicional neste momento.

FORNEÇA RESPOSTAS PONDERADAS PARA PERGUNTAS COMUNS
As crianças podem ter dúvidas sobre o que está acontecendo. Forneça respostas honestas e tranquilizadoras. Mostre que todos podem contribuir
para ajudar de alguma forma.

Eu poderia ter feito alguma coisa para evitar isso?
É comum querer mudar o que aconteceu – todos nós gostaríamos de ter feito algo. Portanto, tranquilize seu filho e explique que o país está fazendo o possível para responder de forma eficaz e manter todos seguros. Além disso, sugira maneiras de ajudar as pessoas afetadas, como escrever cartas, orar ou arrecadar fundos e incentive a promoção da segurança, tolerância e aceitação nas próprias comunidades.

Isso vai mudar minha vida?
Crianças e adolescentes frequentemente se concentram em suas próprias preocupações durante uma crise. Isso é normal. À medida que se sentirem mais seguras de que estão sendo ouvidas e suas necessidades atendidas, elas poderão começar a pensar nas necessidades dos outros.

Posso ajudar?
Embora possam haver limitações para ajudar diretamente as vítimas imediatas da violência, existem coisas construtivas que as crianças e adolescentes podem fazer. Isso inclui cuidar de si mesmos, serem honestos e abertos sobre seus sentimentos, oferecer ajuda aos membros da comunidade e pensar em projetos para fazer o bem, como colaborar com amigos, colegas ou organizações em iniciativas que beneficiem as vítimas e sobreviventes da guerra.

NÃO SE PREOCUPE EM SABER A COISA PERFEITA A DIZER
Não há resposta perfeita. O que as crianças precisam é de alguém em quem confiar que as ouça, aceite seus sentimentos e forneça apoio. Muitas vezes pensamos que poupar as crianças sobre as informações da guerra seria melhor. No entanto, a disponibilidade imediata de notícias e imagens da guerra torna isso desafiador. Evitar discutir a guerra com as crianças não as protegerá dos acontecimentos; em vez disso, dificultará a compreensão e o enfrentamento da situação. Portanto, é fundamental abordar a situação de maneira adequada, adaptada à idade e compreensível para elas.

A GUERRA É ANGUSTIANTE E AS CRIANÇAS PODEM FICAR CHATEADAS
Conforme David Schonfeld, é comum que as crianças expressem seu desconforto durante as conversas sobre a guerra. Isso pode se manifestar em forma de choro, ansiedade, irritação ou de outras maneiras. Importante lembrar que não é a conversa em si, mas os detalhes perturbadores da guerra que as afetam. É fundamental encorajar as crianças a expressar seus sentimentos, mostrando que não há problema em fazê-lo. Caso contrário, podem tentar esconder o que estão sentindo, o que dificulta a busca de apoio. Compartilhar seus próprios sentimentos e demonstrar maneiras saudáveis de lidar com eles pode servir como um exemplo positivo para as crianças.

PROCURE MAIS APOIO QUANDO SEU FILHO PRECISAR
É normal que as crianças fiquem chateadas devido à guerra. No entanto, se elas permanecerem perturbadas por vários dias, tiverem pesadelos persistentes, dificuldades em lidar com seus medos ou problemas significativos na escola, em casa ou com os amigos, é aconselhável procurar ajuda externa. Você pode considerar falar com um profissional, como um pediatra, professor, profissional de saúde mental, para obter orientação. Não é necessário esperar até que a situação se agrave; procure apoio sempre que achar que pode ser útil.

UMA MENSAGEM DO INSTITUTO PRIMORDIAL
O Instituto Primordial está aqui para apoiar as crianças e suas famílias em tempos difíceis. Lembre-se de que a compreensão, a comunicação e o apoio são fundamentais para ajudar as crianças a enfrentar os desafios da guerra, assim como outros desafios que surgem na vida. Desejamos a todos, força, resiliência e solidariedade em tempos difíceis.