Case-do pequeno Arthur Denise Lellis Pediatra São Paulo SP

O que o caso do pequeno Arthur no ensinou?

Recebi dezenas de mensagens e fotos de carteirinha de vacina nas últimas 24 horas e acho a preocupação válida.

Foram os muitos anos de atendimento no serviço público que me ensinam tudo sobre a importância das vacinas.

Todos os anos pelo um caso fatal ou mutilante acontecia, como aconteceu ontem, deixando todo mundo perplexo e com um enorme sentimento de vulnerabilidade. Afinal não há nada mais antinatural do que a interrupção da vida de uma criança.

Não tenho informações oficiais sobre a exata bactéria que matou o pequeno Arthur e nem se ele era ou não vacinado mas frente ás informações que temos muitas dúvidas surgiram. Então vamos a algumas informações:

  • Qualquer infecção bacteriana localizada, como otite, amigdalite etc, pode se tornar “sistêmica” ou seja se espalhar pelo corpo e se tornar muito grave. Não devemos esperar para tratar com antibiótico se for necessário;
  • Meningite bacteriana é uma infecção do sistema nervoso, meningococcemia é uma doença sistêmica e muito mais fatal mas neste caso o liquor pode ser normal;
  • Existem vários tipos de vacina para meningite então é preciso checar o tipo e número de reforços e tudo tem que estar em dia;
  • A má notícia é que mesmo estando tudo em dia uma criança pode sim pegar a doença. Claro que isso é muito mais raro mas pode acontecer. Já vi vários casos inclusive esse ano. Isso pode se dever tanto á uma fragilidade do organismo da criança quanto á “agressividade” da bactéria;
  • A ÚNICA forma que temos de prevenção é a VACINA.

A boa notícia é que muitas doenças graves podem ser prevenidas por vacinas. Meu conselho. Se existe a vacina Tome e de ao seu filho. Não precisa nem perguntar!

Mas tem outras duas notícias não tão boas:

Ainda não há vacinas para varias bactérias que podem ser graves como a bactéria da amigdalite e de outras doenças de pele. Então na dúvida converse com seu pediatra para que o tratamento correto seja iniciado logo.

Calendário vacinal das vacinas de meningite segundo a Sociedade Brasileira de Imunização:

Meningo B

  • Doses aos 3, 5 e 7 meses de vida e entre 12 e 15 meses.;
  • Para adolescentes não vacinados antes duas doses com intervalo de um mês;
  • Para crianças acima de 12 meses que não foram vacinadas são duas doses com intervalo de 1 mês.

Meningo ACWY

  • Doses 3, 5 e 7 meses (a marca Nimeris são apenas duas doses no primeiro ano);
  • Os reforços são aos 12 meses, 5 anos e 11 anos de idade;
  • Para adolescentes são recomendadas duas doses com intervalo de cinco anos;
  • Para adultos, dose única.

No posto de saúde é oferecida apenas a Meningo C cujo o esquema é semelhante mas falta a proteção para as outras 3 bactérias.
A Meningo B não é oferecida no posto de saúde.
Ambas podem ser tomadas depois mesmo que tenham passado as idades indicadas.

Meu desejo é um dia todos desfrutem das mesmas condições de prevenção e que notícias assim sejam cada vez mais raras.

As vacinas do seu pequeno estão em dia? Acalme seu coração. Você fez a sua parte. Agora aproveite com seu filho que tempo passa rápido demais.

Não há epidemia e nem motivo pra pânico.

Todo meu respeito à família do pequeno Arthur e das milhares de famílias que passaram por situações assim. Que Deus conforte seus corações.